Castro Marim vê concretizado o projeto de água reciclada que garante manutenção dos campos de golfe
Foi ontem assinado o primeiro contrato de manutenção dos campos de golfe através de água reciclada, um fornecimento pelo sistema multimunicipal de abastecimento de água em alta da Águas do Algarve.
Castro Marim vê assim concretizado o compromisso assumido aquando da aprovação dos empreendimentos turísticos de golfe, cerca de 2005, cuja execução presumia, desde logo, que a nova ETAR, à data uma obra deste município e de VRSA, pudesse utilizar as águas residuais para rega, particularmente da componente golfe.
Hoje, o sistema de tratamento da ETAR de VRSA recebe efluentes das localidades de VRSA, mas também de Altura, Praia Verde, Cabeço, São Bartolomeu, Junqueira, Monte Francisco e Casto Marim, conduzidos através de um sistema intercetor elevatório composto por 14 elevatórias com 33 Km de extensão, tendo ficado, desde logo, construída a conduta elevatória de encaminhamento da água tratada para os campos de golfe de Castro Marim, atualmente Castro Marim Golfe & Country Club e Quinta do Vale.
Os dois empreendimentos em exploração, com consumos de água dependentes das barragens e com um volume que pode chegar até 1 milhão m3, e o agudizar da situação de seca, determinaram a constituição de um grupo de trabalho, por impulso da Câmara Municipal, com as Águas do Algarve, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e os promotores dos empreendimentos. Este é o primeiro empreendimento garantido, mas com compromissos futuros para o Empreendimento de Almada D’Ouro, Corte Velho, e no sistema litoral, para o empreendimento Verdelago.
Paralelamente a esta conjugação de esforços, durante a discussão do emergente Plano de Eficiência Hídrica do Algarve, esteve-se na eminência de cortar no abastecimento aos campos de golfe, por parecer a medida pública com maior aceitação. No entanto, em consciência de que os campos de golfe representam apenas 7% do consumo da massa de água global da região, a agricultura 56% e o consumo público a rondar os 33%, no sotavento, esta medida tornar-se-ia, a falência destes projetos turísticos, outrora o que a região considerara projetos de interesse nacional, hoje já grandes empregadores e com atividades económicas consolidadas.
Para além da rega aos dois empreendimentos, na senda da eficiência hídrica, Castro Marim está também a trabalhar no sentido de que a água reciclada seja aproveitada para outros fins, como a rega de jardins e a agricultura.
No âmbito da assinatura do contrato de fornecimento de ApR – água para Reutilização entre a Águas do Algarve e o Castro Marim Golfe, que aconteceu ontem, com a presença do Secretario de Estado do Ambiente, Hugo Pires, a vice-presidente do município de Castro Marim, reiterou a necessidade de avançar com a retenção de água da Ribeira da Foupana, uma aposta na rede de charcas. “Hoje, a ribeira está quase seca e nem as espécies que supostamente acolhe têm condições de sobrevivência. É uma inevitabilidade olhar para o nordeste algarvio com as suas especificidades, bem distantes da realidade do país”, salientou ainda, acrescentando que a forma de combate à desertificação passaria por deixarmos de ter o estigma de uma nova barragem ou transvase da ribeira.