Memorial Paco de Lucía

Paco de Lucía – O Festival

Foi o guitarrista espanhol que universalizou o flamenco, Paco de Lucía misturou-o e recriou-o com outras sonoridades, mas sem nunca perder o contacto com a raiz fundadora do género. Da mesma forma que nunca perdeu o contacto com as suas raízes em Castro Marim, mais concretamente em Monte Francisco, terra que viu a sua mãe, Luzia, nascer.

Foi assente nesta ligação que nasceu o “Festival de Lucía” em Castro Marim, uma homenagem ao eterno génio da guitarra e mestre absoluto do flamenco contemporâneo, mas também uma homenagem às mulheres através da memória da mãe de Paco de Lucía, cuja alegria e semblante lusitano sempre o inspirou.

O Festival de Lúcia é, portanto, um festival de música, que se pretende que, anualmente, seja uma inspiração planetária para todos os que possam e desejem partilhar a eternidade do génio. Mas o Festival de Lucía tem outro grande nome da música mundial na sua génese, a nossa voz no mundo, a fadista Mariza, madrinha e embaixadora da iniciativa, e que deu em 2017 um emocionante e caloroso concerto, com mais de 3.000 pessoas. Todos os anos o Festival de Lucía ganha novas linguagens e enlaces, procurando também representar a universalidade que Paco de Lucía deu ao flamenco. Muitos nomes sonantes têm passado pelas várias edições do Festival, como Tomatito Antonio Rey, Javier Limón y Original Quartet (OQ), Fandóziando, Mário Pacheco e a fadista Ana Maria, nomes e sonoridades que não deixam esquecer a universalidade musical de Paco de Lucía. [As últimas duas edições do Festival de Lucía foram apoiadas pelo PO CRESC ALGARVE 2020, com uma taxa média de cofinanciado a 60% pelo FEDER]. 

A primeira edição do Festival foi também marcada pelo lançamento do CD e DVD "La Herencia de Paco de Lucía", que assinalava um ano sobre o concerto com o mesmo nome e que tinha passado por Castro Marim, no âmbito do primeiro Festival CLAZZ de Lisboa e também no México e Madrid. “La Herencia de Paco de Lucía” celebrava uma década do único espetáculo com que Paco de Lucía tinha brindado as gentes da terra da sua mãe e que ele, mais tarde, confessaria também um pouco sua.

Guitarrista, compositor e produtor, Paco de Lucía morreu em 2014, com 66 anos, um ano marcado pelo eclipse de um génio, mas que deixaria este legado para o mundo.

 

 

Paco de Lucía – O Tributo

A ligação de Paco de Lucía às raízes maternas perpetua-se no nome artístico de Francisco Gustavo Sánchez Gomes – Paco de Lucía - e nos álbuns de “Castro Marín” (1981) e “Luzia” (1998). Assim, Castro Marim sempre viveu também esta vontade de promover o “mestre absoluto do flamenco”, ampliando a relação umbilical que Paco de Lucía transportava na sua música.  

O memorial ao guitarrista concretizou-se em 2018, com a inauguração do Largo Manuel Gomes – Tributo a Paco de Lucía, em Monte Francisco, de onde era a sua mãe, cuja alegria e semblante lusitano sempre o orgulhou e inspirou. O espaço evoca e resgata um pouco da vida e da obra do músico, compositor e intérprete, com peças artísticas que invocam sensorialmente o instrumento que elegeu, a guitarra. No Largo foi também instalado um sistema áudio, que disponibilizará aos visitantes o legado musical do génio da guitarra e do flamenco.

O Largo Paco de Lucía é um local intimista e acolhedor, um local de orgulho e de saudade, onde se consegue sentir a ligação de Paco de Lucía às suas raízes lusitanas. “Allí estaban las vecindonas, sentadas en las sillas de anea a la puerta de sus casas en los veranos. Me veían y empezaban a hablar. Yo les tenía horror. Ahí va Paquito; sí, mujer, el más chico de la esquina. El niño de Lucía. El hijo de la portuguesa” [in "Paco de Lucía, El Hijo de la Portuguesa", de Juan José Téllez].

Em curso está também a geminação com o município de Algeciras, de Andaluzia, de onde era natural Paco de Lucía e que constituiu também uma das suas grandes fontes de inspiração musical. “Soy quien soy por haber nacido en Algeciras. Esos diez primeros años que pasé allí formaron el ser humano que soy ahora. Algeciras – confiesa – constituye mis señas de identidad, mi paraíso perdido. Yo, a Algeciras, siempre he venido a curarme. Cuando estoy lleno de problemas, de angustia, de estrés, vuelvo aquí y mis amigos me colocan en mi sitio” [in "Paco de Lucía, El Hijo de la Portuguesa", de Juan José Téllez].

A obra deste Largo memorial foi enquadrada no Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos (PADRE), aprovado no âmbito do PO CRESC ALGARVE 2020, sendo apoiado por Portugal e União Europeia e cofinanciado a 70% pelo FEDER.

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