Património Edificado

Desde o período Fenício, Castro Marim, uma península banhada pelas águas do Guadiana, servia de porto de abrigo aos barcos que subiam o rio para recolher o minério extraído das minas de Alcoutim e Mértola. Ao porto comercial de Baesuris, hoje Castro Marim, chegavam produtos do Mediterrâneo que depois eram comercializados pelo restante território, numa dinâmica que se manteve durante a ocupação romana.

Após a Conquista do Algarve aos mouros, por D. Paio Peres Correia, D. Afonso III ordenou o repovoamento de Castro Marim, em 1272, para lhe conceder, logo em 1277, carta de foral, com o intuito de atrair população para esta localidade de grande importância estratégica. O Castelo Velho, construído em 1274, no reinado de D. Dinis, com a construção da cerca medieval, que protegia o casario exterior, em 1279, tornou-se um dos mais importantes do Algarve e serviu de sede da Ordem de Cristo entre 1319 e 1356. Foi elevado a Monumento Nacional, em 1910.

Com a chegada do século XV, e com a expansão marítima, Castro Marim recebe o estatuto de Couto de Homiziados, terra de desterro para criminosos, atribuído pelo rei D. João I com o objetivo de aumentar a sua população, tal como noutras povoações do Reino. Em 1504, D. Manuel I atribuiu novo Foral, reforçando os direitos e deveres da Vila e ordenou a remodelação do castelo tardo-medieval, com obras de adaptação ao uso de artilharia. Após a Restauração, em 1640, a localização estratégica de Castro Marim voltou a ser decisiva para a coroa, dando-se início à construção do Forte de São Sebastião – Monumento Nacional desde 2012 – e do Revelim de Santo António, este último com o intuito de controlar a navegação no Rio. A partir do final do conflito ibérico, em 1668, a praça-forte de Castro Marim tornou-se a mais importante do Algarve. 

Para SABER MAIS sobre o património e a história de Castro Marim, desde a conquista do Algarve até à implantação da República, pode consultar o catálogo da exposição: “Castro Marim, Baluarte Defensivo do Algarve”, disponível AQUI

As populações que habitavam o espaço português conheceram, desde tempos muito remotos, a necessidade de se munirem de estruturas defensivas.
Está a vila de Castro Marim edificada sobre um monte do Castelo, umas das mais significativas invocações que a Idade Média introduziu na paisagem portuguesa, na margem direita do rio Guadiana.
A primeira fortaleza de Castro Marim deveria ter consistido num castro familiar ou de povoamento do período neolítico, levantado na coroa desse monte.
Devido à configuração topográfica e localização estratégica de Castro Marim, foi esta vila povoada por vários povos, entre eles, Fenícios, Cartagineses, Vândalos e Mouros, estes derrotados, aquando da conquista da vila por D. Paio Peres Correia em 1242.

Em 1277, D. Afonso III concedeu-lhe Carta de Foral com grandes privilégios para atrair população mais facilmente aquela zona, erguendo a cerca medieval, o­nde inicialmente, a vila se desenvolveu.
A vila cresceu, inicialmente, dentro das muralhas do castelo velho, de planta quadrangular, definido por quatro torreões cilíndricos nos ângulos e um pátio interno, com duas portas de acesso, uma a sul e outra norte.

Mais tarde, no reinado de D. Dinis, compensando a perda de Ayamonte que passou para o domínio de Castela, mandou o rei reforçar a fortificação, ampliando-a com a construção da Muralha de Fora, para abrigo e defesa da população, atraindo-a com a confirmação e ampliação dos privilégios atribuidos pelo seu pai D. Afonso III, concedendo-lhe nova Carta de Foral em 1282.

Durante todo o processo de conquista do Algarve, não se pode descurar a importância do papel das Ordens Militares Religiosas.

Castro Marim, pela sua localização geo-raiana, conseguiu atrair, com a ajuda do rei D. Dinis e pela bula papal instituída pelo papa João XXII, a Ordem de Santiago, que terá herdado os bens da Ordem dos Templários extinta em 1321, instalando a sua sede no Castelo de Castro Marim de 1319 até 1356, ano em que foi transferida, por ordem de D. Pedro I, para Tomar, devido à cessação das lutas contra os mouros e de um progressivo desprestígio da zona. A partir dessa altura, a importância deste Castelo foi diminuindo e a vila começou a despovoar-se, apesar dos privilégios atribuídos pelos monarcas.

Com a entrada do século XV e com o incremento das campanhas ultramarinas, a Coroa Portuguesa encontrou no Algarve o melhor posicionamento geográfico e estratégico, pela proximidade ao Norte de África, mantendo assim mais facilmente essas praças, controloando-as, para além de controlar possíveis ataques de corsários vindos do sul ou da vizinha Espanha.
Castro Marim tornava-se assim, pela sua localização geográfica, numa das principais praças de guerra aquando do destacamento das nossas tropas além-mar, perdendo o seu apogeu relativamente a outras praças de guerra algarvias durante o século XVI.

Durante o reinado de D. Manuel I, com a nova Carta de Foral atribuída a esta vila em 1504, inicou-se relevante obra de restauro e defesa do Castelo, inicada em 1509.
Esta obra visara um duplo objectivo de apoio às conquistas ultramarinas e de vigilância aos possíveis ataques corsários a que esta vila estava sujeita.

Dentro do recinto muralhado, situavam-se as ruínas da Igreja de Santiago, primitiva matriz da vila, construída no século XIV, a Igreja de Santa Maria e antiga Igreja da Misericórdia, junto à porta de Armas, que serviu a população até ao século XVI, altura em que a vila começou a crescer para fora do recinto muralhado, significando o aumento de terra firme.
Por este motivo e com o incremento das estruturas abaloartadas durante o século XV, mandou D. João IV, aquando das Guerras da Restauração em 1640, dada a importância militar desse ponto, restaurar o Castelo e fazer novas obras de fortificação, construindo o Forte de S. Sebastião e de Revelim / Forte de S. António.

 

Horário: 

De novembro a março | 09:00 às 13:00 | 14:00 às 17:00

De abril a outubro | 09:30 às 13:00 | 15:00 às 18:30

 

  • Marcação de visitas de grupo ou pedidos de informações: 281 510 746
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O forte de São Sebastião de Castro Marim - assim denominado por ocupar o local o­nde anteriormente terá existido uma ermida dedicada a São Sebastião - é o melhor exemplo conservado do que foi o amplo processo de renovação do sistema defensivo da vila nos meados do século XVII.

A sua construção deve-se ao rei D. João IV, no âmbito da Guerra da Restauração com Espanha, e terá sido iniciado logo em 1641, o que prova a importância deste ponto do território. O projeto então posto em prática transformou o velho castelo medieval na praça militar mais importante de todo o Algarve, facto reforçado pela localização estratégica face à linha de fronteira.

A planta do forte adaptou-se ao cerro em que se implantou, definindo um recinto amuralhado irregular, que integra cinco baluartes e cuja porta principal está virada a Norte, precisamente na direção do burgo e do castelo. 

Esta relação de proximidade com o castelo de Castro Marim é um dos aspetos mais importantes das obras realizadas na vila no século XVII, na medida em que o novo sistema militar da localidade não prescindiu do antigo recinto muralhado, mas integrou-o na nova estrutura, constituindo-se, assim, uma complementaridade entre antigo e moderno que aqui adquire real expressão.

Fonte: IPPAR

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Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Mártires

Num mundo que encerrou para sempre a Idade Média, fundamentalmente rural, o novo milénio iniciou-se sob o signo do desenvolvimento urbano. Este desenvolvimento criou-se em torno das cercas muralhadas dos castelos medievais e destas partiram à conquista de terrenos circundantes. 

Castro Marim não fugiu à regra e tornou-se numa das vilas que se geraram em torno de um elemento, o Castelo, alargando-se pelo vale que o separa do Cerro do Cabeço, o­nde mais tarde se implantou o Forte de São Sebastião. 

Neste vale surgiu, no século XVI, uma Ermida, denominada de Nossa Senhora dos Mártires, pela incapacidade da Matriz da vila, intramuralhas, abrigar todos os fiéis. Esta Ermida foi visitada por diversas vezes, durante o século XVI, pela Ordem de Santiago. 

As visitas da Ordem de Santiago descrevem a Ermida como tendo um único corpo, com capela-mor abobadada com coruchéu e um altar em alvenaria com tribuna, onde assentava uma imagem de vulto de Nossa Senhora com o Menino, em pedra; no corpo da Ermida, de uma só nave, estavam três imagens pintadas de matiz, uma de S. Bartolomeu, uma de Sta. Catarina e outra de S. Sebastião; possuía um portal principal a poente e outro a sul, cada um com duas pias de água benta embutidas na parede de alvenaria; um adro, em redor da dita Ermida, onde se enterravam os defuntos.

Do registo das visitas – Visitações - de 1518 para a de 1534, foi esta Ermida acrescentada por um alpendre a poente, abrigando o portal principal, seguindo em toda a fachada sul. A Visitação de 1554 dá-lhe a localização da sacristia, que dantes não era focada, a sul com porta de verga reta. A Visitação de 1565 denuncia um aumento da altura das paredes, a substituição das madeiras dos tetos por novas e o acrescento de um novo alpendre, desde a fachada principal até à parede da sacristia. 

Após o terramoto de 1755, responsável pela destruição da Igreja Matriz de Santiago, foi esta Ermida tornada paroquial da vila, mandada construir pelo Lopo Mendes de Oliveira, Comendador da Ordem de Cristo e Alcaide deste Castelo.

Devido à sua pequenez, foi mandada restaurar e ampliar entre os finais do século XVIII e início do século XIX, tendo as obras ficado concluídas em 1834, sob a responsabilidade do arquiteto João Lopes do Rosário.

Denuncia na sua arquitetura várias campanhas arquitetónicas de grande interesse: galilé renascentista; zimbório e abobada de lunetas da capela-mor barrocos; elementos neomanuelinos na platibanda que sobrepõe a galilé. 

Possui uma planta longitudinal de nave única, coro-alto com balaustrada de barriga em madeira, transepto e capela-mor de dois tramos; a fachada principal, a oeste, é tripartida, com portal principal de verga reta sobrepujada por frontão de lanços com tímpano triangular, encimado por janelão retangular e relógio circular com telhado em empena com cruz de ferro no topo; na fachada sul, galilé com cinco vãos em arco de volta perfeita assentes em colunelos de capitéis neomanuelinos, onde existe um painel de azulejos azuis e brancos, evocando Nossa Senhora da Conceição. É possuidora de vários exemplos de imaginária do século XVI e XVIII, em madeira, bem como retábulos no altar-mor e transepto em madeira marmoreada e polícroma. 

Reparte esta Matriz com o Castelo, a norte, e o Forte de São Sebastião, a sul, a moldura que compõe a imagem de Castro Marim, denunciando as linhas singelas de todo o casario que os envolve.

 

Ermida de Santo António

Com o aumento da terra firme, de melhores condições de segurança, aumento demográfico e o progressivo desenvolvimento económico ligado à atividade marítima, houve a expansão da vila para fora do recinto muralhado medieval.

Desta expansão e durante as Guerras da Restauração, em 1640, resultou a construção do Forte de São Sebastião, no Cerro do Cabeço, e do Revelim de Santo António, na colina denominada Rocha do Zambujal, que envolve a referida Ermida de Santo António, mandados erigir por D. João IV.

Estas duas zonas fortificadas anexas ao Castelo fizeram com que esta vila fosse, no século XVI/XVII, a praça de guerra mais importante do Algarve.

O Revelim de Santo António é composto por uma estrutura abaluartada em "U", detendo no seu centro e cimo da colina a Ermida do mesmo nome com a localização W/E, funcionando como miradouro sobre os dois elementos que o enriquecem visualmente, o Rio Guadiana e o Sapal de Castro Marim.

Esta Ermida detinha, aquando da sua construção, uma planta quadrangular tendo, ao longo dos tempos, sofrido ampliações.

É composta, atualmente, por planta longitudinal, ampliada a N. por volume da sacristia e sala de arrumos e a S. por sala polivalente. Com Fachada Principal elevada, a W., e com adro murado, composta por: portal de madeira envolto em moldura de pedra ladeado por lambrim e cunhais pintados de cinzento, encimado por cercadura que pousa lateralmente sobre duas volutas, pintadas; sob janela quadrangular com moldura em pedra rematada por cercadura, com motivos iguais à do portal; cobertura de duas águas com cruz de Cristo ao centro; ladeada por campanário lateral.

Fachada Lateral N. cega composta por campanário de dois vãos encimado por cornija, rematada por dois pináculos bojudos, e por volume da sacristia e sala de arrumos com cobertura em telhado de uma água e duplo beirado.

Fachada Lateral S. cega composta por volume de sala polivalente com entrada a S., com cobertura de uma água e remate em duplo beirado.

Fachada W, correspondendo ao volume da capela-mor, cercada a S. pela sala polivalente e a N. pelo volume da sacristia, esta com janela a W.; com cobertura em cúpula e em telhado de duas águas com remate em duplo beirado.

Interior composto por nave longitudinal, com cobertura em abóbada de berço; dois retábulos laterais de meados do século XVIII, dedicados a N. Sra. da Conceição e Sta. Isabel, rasgadas nos alçados laterais em arco de volta perfeita sobre impostas e mesas de altar em madeira polícroma e envoltos por composição de volutas em talha pintada e brasão central.

Do lado do Evangelho, púlpito de caixa quadrangular de madeira polícroma, com acesso por porta simples; rodapé de madeira pintado marmoreado; sobre ele distribuem-se, de ambos os lados, sete tábuas de pintura, com cenas da vida do orago, inseridas em espaldar de madeira pintada com decoração vegetalista e cornija de remate.

Arco Triunfal de volta perfeita sobre impostas pintadas; acesso à capela-mor por degrau único; cobertura em abóbada de berço com caixotões pintados; retábulo-mor do século XVIII, plano de cinco panos definidos por colunas pseudo-salomónicas a que se sobrepõe arquitrave e edícula central com imagem de Santo António; lateralmente duas pequenas imagens sob plintos; encimado por decorações com volutas; lateralmente duas pinturas de cenas da vida do orago e duas portas de acesso, a da esquerda à sacristia, a da direita à sala polivalente. Sacristia composta por janela a W. e pequeno arcaz em madeira.

 

Igreja de Santiago

A vila de Castro Marim, que num princípio se desenvolveu dentro das muralhas do Castelo, foi cabeça da Ordem de Cristo a mando do Papa João XXII. Na altura em que as lutas contra os Mouros iam cessando, provocando uma diminuição da importância militar do Castelo e da vila, existiu um despovoamento do lugar, pelo que o regente D. Pedro tomou providências e lhe retirou o título conquistado outrora, trasladando esta Ordem para Tomar (c. 1356).

Dentro do Castelo Velho, de planta quadrada, quatro torres e torre de menagem, encontrava-se uma povoação. Junto à torre de menagem existia um campanário, que seria o da Igreja de Santiago construída no século XIV.

Esta Igreja era paroquial da freguesia, pois em 1320 já abrangia toda a área do concelho.

Foi a primitiva matriz da vila e onde se situou o Convento dos Cavaleiros da Ordem de Cristo, em 1504 transformado em quartel militar.

Foi esta Igreja Matriz acompanhada por várias Visitações, entre elas as de 1518, 1534, 1535, 1538, 1554 e 1565. Estas davam a sua localização entre Levante e Poente, de capela quadrada, com acesso por três degraus, com abóbada e retábulo-mor definido por cinco painéis, ao meio com a imagem de Santiago, de vulto. No lado esquerdo estava S. João e no outro lado S. Sebastião, tendo, no entanto, estes santos sofrido alterações de localização.

Na fachada norte há um adro demarcado, colocando a hipótese, na Visitação de 1554, de aí fazer um cemitério, porque "pelas outras bandas passavam as estreitas ruas da vila", e um portal que dava acesso à sacristia que tinha paredes em taipa, feita aquando da Visitação de 1535.

O corpo da Igreja possuía três naves na Visitação de 1534, porque na de 1518 só possuía uma, e, de cada lado, tinha três arcos com colunas e capitéis de pedra e as naves laterais eram com uma só água, forradas de madeira.

Na banda do sul, no meio da fachada, uma porta com acesso por seis degraus e, sobre ela, um campanário com dois sinos e uma pedra com a espada da Ordem de Cristo. Junto à porta principal, no interior e do lado esquerdo, uma pia de água benta e uma pia de batismo. 

A Visitação de 1565 dá a descrição de dois altares laterais ao arco cruzeiro, o do lado do Evangelho com crucifixo de vulto.

Após o terramoto de 1 de Novembro de 1755 restou apenas uma parede da igreja, pelo que a partir dessa altura a Igreja Matriz passou a ser na Ermida de Nossa Senhora dos Mártires, localizada extramuros.

Após este terramoto e com o nascimento de Vila Real de Santo António em 1774, Castro Marim perdeu a influente posição que ocupara durante anos.

Atualmente esta igreja é composta por pórtico de entrada em capialço sobreposto por cruz de Santiago esculpida, adro a W e capela-mor sem abobada e com janela quadrangular a E.

 

Igreja de São Sebastião

Durante o período das Guerras da Restauração (1640), com as lutas em volta das praças fronteiriças que readquiriam a importância perdida, Castro Marim voltou a ter maior incremento que outrora tinha perdido e, com isto, a Santa Casa da Misericórdia adquiriu nova importância. 

Por esta altura levantaram-se outros baluartes, num dos quais havia a Capela de São Sebastião, arrasada aquando das obras do Forte, a que deu o nome.

Para que a vila não ficasse privada de templo, mandou D. João IV construir uma capela de invocação ao mesmo Santo, no ano de 1650, como dita a inscrição que se sobrepõe ao portal principal, que diz: "esta ermida de S. Sebastião mandou fazer el-rei D. João IV por lhe tomar outra pera forte. Anno de 1650."

Este novo templo situado junto a uma das entradas da vila, passou a ser a nova igreja da Misericórdia e a instituição trasladou-se para aí em 1838.

A nova Igreja de São Sebastião, ou da Misericórdia, pertence a um estilo vernacular da arquitetura religiosa, de planta longitudinal, de fachadas simples de pano único, sem quaisquer motivos decorativos, denunciando a crise em que vivia a corte portuguesa naquela altura. O interior está ricamente decorado por florões, volutas e putti em trompe l'oeil, decorando todas as fachadas interiores, como era uso no século XVII, pintados a têmpera. A capela-mor é simples, com cobertura em abóbada de berço, com retábulo de estilo rústico, arcaizante, datável de meados do século XVII, e a E. entrada para a sacristia de construção posterior.

 

Igreja de N. Sr.ª da Visitação

Esta igreja faz parte integrante da paisagem que se tem sobre a aldeia de Odeleite, freguesia de N. Sra. da Visitação, que desde 1534 faz parte dos livros de história e do concelho de Castro Marim.

Este lugar era então denominado Lugar de Deleite, o¬nde se situava uma encosta que olhava de frente para a Igreja de Nossa Senhora da Visitação.

Esta igreja foi visitada por duas Visitações, a de 1534 e a de 1565, que a descreveram na sua forma inicial.

Dizem estas que este templo terá sido construído após a Visitação anterior de 1518, daí deriva a sua tipologia interna de Igreja Mendicante, ou seja, referente ao período gótico. A Visitação de 1534 refere que o teto da igreja estava forrado a madeira de castanho com canas e o campanário existia sobre o portal principal, e era de vão único. 

A Visitação de 1565 diz-nos que esta igreja estava "arredada" da aldeia, e descrevem-na da seguinte maneira: referem que o teto da dita igreja estava "madeirado de tesoura e forrado de cana"; em cima do arco triunfal existia um crucifixo de vulto; a pia batismal era à esquerda, junto à entrada, e estava cercada de grades, encontrando-se, nesta altura, os fregueses da dita freguesia, em obras, para a colocarem dentro da aldeia de Deleite.

Hoje aparece-nos da seguinte maneira:

A fachada principal a W é composta por portal de verga reta em alvenaria de pedra, com pilastra lateral encimado por pequena cornija rematada lateralmente por dois pináculos retangulares incisos; sob janela retangular com moldura pintada a branco rematada por cornija; cobertura em empena e cruz de Cristo no topo, ladeada por campanário elevado de dois vãos com cornija, sob dois pináculos laterais e vão elevado ao centro com sino.

Fachada lateral S. com volume saliente composto por quatro janelas e porta ao centro com acesso por rampa, com cobertura sob cornija e telhado de uma água.

Fachada lateral N. cega com volume saliente correspondendo ao baptistério com cobertura em telhado de três águas.

Interior: igreja mendicante de planta longitudinal de três naves subdivididas por três arcos formeiros com colunas cilíndricas de capitel simples; cobertura em abobada para a nave central e uma água para as laterais. Naves laterais compostas por dois retábulos colaterais (2ª metade do século XVIII) sob cúpula, e dois retábulos laterais da mesma altura, em madeira polícroma e talha dourada sobre frontão de altar em sarcófago Arco triunfal de volta perfeita em alvenaria de pedra com pedra de fecho.

Capela-mor rectangular com acesso por degrau único e cobertura em abobada de lunetas, composta por: mesa de altar em talha; porta para sacristia à direita; três cadeirões em talha dourada sobre degrau; retábulo-mor de três panos sob frontão de altar em sarcófago, encimado por sacrário e camarim central elevado em abobada encimado por cornija, ladeado por colunas grupadas e caneladas, rematadas por friso e cornija; rematado em arco pleno com florão central com pomba branca ladeado por duas esculturas em alto relevo.

Sacristia a S. composta por arcaz à esquerda e cadeiral de madeira à direita, e fontanário.

 

Ermida de São Bartolomeu 

Em São Bartolomeu do Sul, aldeia da freguesia e concelho de Castro Marim, ergue-se uma pequena ermida consagrada ao mártir São Bartolomeu, construída numa pequena elevação junto à actual EN 125-6, ao centro da povoação.

Na Provisão concedida pelo rei D. Pedro II, a 14 de Julho de 1689, é dada licença ao requerente Padre Domingos Dias de Fonseca, pároco de Castro Marim, e aos devotos do termo, para a construção da capela, que ficaria sobre o padroado da Ordem de Santiago. A sua edificação, bem como o custo dos serviços religiosos do capelão – nomeado pela Ordem – seriam custeados pelos fregueses e respectiva fábrica. Sem data conhecida para a obra da capela, as Memórias Paroquiais de 1758 referem a existência da ermida “situada em um monte cercado de varias fazendas de vinhas e olivais”, junto à qual se realizava no dia 24 de Agosto uma feira cativa.

Esta pequena ermida barroca, de planta longitudinal, é constituída por nave única, capela-mor e sacristia e apresenta ainda, na fachada principal, uma galilé de alvenaria. Nesta distingue-se um campanário ladeado por volutas e encimado por uma cruz, que hoje possui um sino electrónico. A fachada principal da ermida, na qual se abre a galilé, apresenta um portal de cantaria com verga recta e, junto a este, uma cantaria lavrada com representação de uma mão que empunha uma espada – revelada durante o restauro de 1996. As laterais são reforçadas com contrafortes, de dimensões diferentes. Este elemento construtivo, inspirado nas ermidas do Baixo Alentejo, parece denunciar a ambição de construir uma abóbada que, por incapacidade técnica ou financeira, não se concretizou. Na fachada principal, tal como nas fachadas viradas a sul e a norte, rasgam-se óculos que facilitam a iluminação interior. Virada a norte, a sacristia rompe a unidade do conjunto e, por se tratar de um corpo construído posteriormente, obrigou ao entaipamento do óculo virado a norte. Junto desta, uma porta lateral permite o acesso à nave. No interior, a ermida possui nave única e tecto com cobertura em madeira. O acesso à capela-mor é feito através de um arco triunfal de volta perfeita.

O retábulo-mor em madeira, de autor desconhecido, é obra da segunda metade do século XVIII, ao estilo barroco. Ao centro, a imagem de São Bartolomeu, em madeira, também de autor desconhecido, é datada do século XVIII e apresenta na mão direita um cutelo, elemento que simboliza o martírio do Santo, que segundo a tradição cristã morreu por esfolamento.

 

O Revelim de Santo António é um forte de menores dimensões, mas de importância estratégica vital, mandado erigir por D. João IV., no cerro da Rocha do Zambujal, a nascente da vila, ligando-se quer ao antigo Castelo, quer ao Forte de S. Sebastião.

Dada a sua localização, servia o propósito de controlar o curso do Guadiana. No seu interior edificou-se a Ermida de Santo António, uma construção barroca de boa qualidade arquitetónica, com capela-mor quadrangular delimitada por fortes pilares-cunhais.

Este complexo histórico, mandado edificar em Castro Marim no inicio da Guerra da Restauração (1640-1668), foi na ultima década alvo de um dos projetos mais sublimes da requalificação do património histórico-cultural, denominado Reabilitação da Colina do Revelim de Santo António.

Segundo palavras que o arquiteto José Alegria, autor do projeto de intervenção, esta é uma “obra estruturante em termos de localização com uma ligação privilegiada à Reserva Natural do Sapal de Castro Marim/V.R.S.A, e que encerra uma forte simbologia da arquitetura do mediterrâneo”.

Terminada em 2008, a requalificação permitiu não só reabilitar a estrutura militar do Revelim, beneficiando toda a área circundante através de pavimentação, instalações de equipamentos para informação e repouso do visitante, mas também reabilitar a Capela e o Moinho. Foram também edificadas estruturas de apoio para atividades culturais, apoiadas por uma cafetaria e por instalações sanitárias e, por último, proceder à beneficiação paisagística de toda a colina do Revelim.

 

O complexo é assim composto por:

Centro Interpretativo do Território
O Centro de Interpretação do Território é um espaço de receção ao visitante e simultaneamente ponto de partida para os itinerários e visitas ao território do concelho de Castro Marim e do Baixo Guadiana.
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Moinho de Vento
Moinho de vento que funciona de acordo com as técnicas originais.

Hortas Biológicas
O Revelim de Santo António dispõe ainda de uma horta pedagógica para oferecer ao visitante um conhecimento acerca das hortas tradicionais.

Jardim Andaluz
Este espaço de lazer integra uma ampla zona verde com árvores e arbustos, onde se destaca o Jardim Andaluz com uma área de 4000 m2, um espaço aprazível e saudável para usufruto dos visitantes.

Anfiteatro ao Ar livre,
Outro elemento importante deste lugar é o anfiteatro ao ar livre com capacidade de 500 lugares no qual se poderão fruir de bons espetáculos culturais.

Capela de Santo António
 A Capela de Santo António, uma construção barroca de boa qualidade arquitetónica, com capela-mor quadrangular delimitada por fortes pilares-cunhais, também foi submetida ao processo de requalificação do complexo arquitetónico do Revelim de Santo António.
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Cafetaria.

 

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