Eurocidade do Guadiana participou no Encontro Internacional de Bacias Hidrográficas Transfronteiriças pela Paz na América Latina

Desenvolvimento

A vice-presidente da Eurocidade do Guadiana e presidente do Município de Castro Marim, Filomena Sintra, participou entre os dias 16 e 19 de setembro no Encontro Internacional de Bacias Hidrográficas Transfronteiriças pela Paz, que decorreu na tripla fronteira entre o Brasil (Barra do Quaraí), Argentina (Monte Caseros) e Uruguai (Bella Unión).

O encontro reuniu especialistas, académicos, autoridades, representantes da sociedade civil das bacias hidrográficas partilhadas na América Latina e Europa e ainda organizações multilaterais e teve lugar na Sala de Relações Públicas da Delegação Uruguaia da Comissão Técnica Conjunta de Salto Grande.

Esta reunião serviu ainda para a assinatura da Declaração de Salto Grande, que destaca vários projetos de cooperação entre a Europa e a América Latina, propondo que as ações estruturais realizadas nesses territórios sejam concertadas com os governos locais, regionais e com a sociedade civil.

“O desenvolvimento de projetos de cooperação tem uma repercussão não só no território da América Latina, mas também nos nossos territórios europeus, em particular e num caso específico, Portugal e Espanha, permitindo a especialistas de várias áreas desenvolverem conhecimento, projetos e estudos de caso que contribuem também para o seu desenvolvimento pessoal e, consequentemente, para o crescimento do território onde desenvolvem a sua atividade”, refere Filomena Sintra.

O encontro, coorganizado pelo Ministério dos Transportes e Obras Públicas e pelo Ministério do Ambiente do Uruguai, incluiu ainda mesas redondas, conferências e sessões plenárias de vários temas, com o lema “Sem paz não há cooperação nem desenvolvimento transfronteiriço possível”, promovido pelo Comité para o Desenvolvimento da Bacia Hidrográfica do Uruguai e e pela Rede Euro-Latino-Americana para a Governação das Bacias Hidrográficas Transfronteiriças, que é composta por várias entidades europeias e latino-americanas que partilham sistemas de gestão de recursos hídricos.

“Foi uma honra para a Eurocidade do Guadiana participar neste encontro, através de um convite de organizações espanholas que promovem a cooperação transfronteiriça, como o Fondo Extremeño Local de Cooperación al Desarrollo. Hoje, mais do que nunca, importa reforçar laços com o espaço de Mercosul, o Mercado Comum do Sul que estabelece uma integração regional entre os membros na forma de uma união aduaneira para a constituição de um mercado económico para a América Latina, e a Europa, mas acima de tudo também lembrar os europeus e os eurocidadãos da importância da paz nas linhas de fronteira”, acrescenta.

Filomena Sintra salienta ainda que “há que refletir, porque as grandes guerras e aquilo que se vive no mundo tem exatamente que ver com as disputas de fronteira. Foi uma oportunidade para partilhar experiências sobre o municipalismo e as autarquias, que, apesar de Portugal e Espanha já ter uma longa história nessa área, especialmente no Uruguai, são uma realidade muito recente”.

“Na essência, todos partilham de um princípio: Há que conviver entre as comunidades, muitas vezes irmãs, pese embora as barreiras administrativas e as linhas de fronteira, e a importância disso para a felicidade dos territórios e dos países. Não há desenvolvimento, crescimento científico, melhoramento do modelo da sociedade, desenvolvimento sustentável, ambiental e social sem paz. Nós, na Europa, temos uma realidade ainda recente de podermos circular bens e pessoas, mas cujo desígnio principal da sua criação foi exatamente a paz. Não nos podemos esquecer que temos de ter a capacidade para transmitir a cada geração a importância deste modelo”, refere.

A vice-presidente da Eurocidade do Guadiana e presidente do Município de Castro Marim destaca ainda que “houve um grande envolvimento dos diferentes países da tripla fronteira, Uruguai, Argentina e Brasil, e uma vontade manifesta de ir acolher à Europa boas práticas. São de uma enorme simplicidade, mas com uma grande alma e uma enorme vontade de construírem um modelo de governança partilhado entre três países. Aí já têm desenvolvido conquistas superiores às nossas, como por exemplo a partilha de serviços de saúde comum a possibilidade das crianças estarem nas escolas de um lado ou outro da fronteira. A grande diferença é que têm todos os dias de passar todos os dias pelo mecanismo e controlo de fronteira com passaportes, vistos e verificação”.

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